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Notícias e EventosAnglo Itapira

Rubem Alves e João Ubaldo21 de Julho, 2014

Rubem Alves: "Aprendi pela minha recusa em aprender"

Acho que foi Mark Twain que disse: "Nunca permiti que a escola interferisse na minha educação..." Fiquei a pensar: o que foi que a escola me ensinou? - pergunta que é diferente de uma outra, "o que aprendi na escola?".
Aprendi muito na escola "a despeito dela": ela foi apenas o espaço onde encontrei professores que me ensinaram a pensar. Aprendi pela minha recusa em aprender. Já ao fim da sua vida, Brunno Betelheim, falando de sua experiência com a escola, declarou: "Na escola os professores tentavam ensinar aquilo que eles queriam ensinar mas eu não queria aprender. Por isso não aprendi..." 
Lembro-me bem do jovem professor de literatura - disciplina pela qual eu nutria uma grande ojeriza. Ele nunca ensinou análise sintática, nem pediu que fizéssemos "fichamentos"e  nem fazia chamada. Éramos livres para deixar a sala, se quiséssemos. Mas ninguém deixava... Ninguém queria perder o prazer de vê-lo encarnar as grandes obras da literatura. 
Foi assim que a escola me ajudou: forçando-me a pensar ao contrário dos meus próprios pensamentos...


 

João Ubaldo Ribeiro: Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores.

Viva o povo brasileiro
Um dos poucos, raros, livros fundamentais. Esta é a minha  apreciação  para Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, um romance épico por excelência, que reconta pouco mais de três séculos de uma anti-história do Brasil. 

Centrando sua narrativa na ilha de Itaparica - campo de batalhas indígenas e grandes farras antropofágicas e que foi devastado, no século 17, pela infantaria holandesa -, Ubaldo recria o processo histórico com competência e maestria no exercício da paródia e no uso de diferentes registros - o culto e o popular, o lusitano e o nacional. Segundo o poeta Antonio Risério, a obra pode ser inscrita na linhagem "criativa do barroco tropical brasileiro". A perspectiva de Ubaldo procede, na maioria das vezes, das camadas populares da sociedade. Diz Risério: "É evidente, ainda, a sua clara consciência do caráter essencialmente conservador do desfecho do processo de independência nacional, que manteve um Bragança na coroa, os negros no cativeiro e os índios, o que restava da nossa indígena brasileira, sob a mira genocida". (Fonte: Educar para Crescer).
 

Saudades!